quinta-feira, 8 de abril de 2010

DINOSSAURO DA COMUNICAÇÃO ABORDA TEMAS COTIDIANOS

Informação. Em entrevista exclusiva, o jornalista, psicólogo, comentarista da RBS TV e colunista do jornal Diário Catarinense retrata suas opiniões




Reconhecimento. Prates foi homenageado durante a comemoração dos 31 anos da CDL



Com cinquenta anos de experiência na área, o jornalista, psicólogo, comentarista da RBS TV e colunista do jornal Diário Catarinense, Luiz Carlos Prates esteve em Imbituba na última sexta-feira (19) abordando assuntos cotidianos, com o tema: ”Como ser diferente no mundo dos iguais”. O evento oferecido pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Imbituba, no Praia Clube, serviu como um presente a todos os seus associados em homenagem aos 31 anos da instituição na cidade.
Com uma plateia de aproximadamente 400 pessoas, Prates mostrou o diferencial de se ter experiência e vivência de vida. Iniciou a conversa comparando um jornalista a um garimpeiro que segue atrás da pepita, no caso a “notícia”.
“Hoje, existe um congestionamento de pessoas iguais. Ter habilidades e atitudes abre portas. A ambição saudável faz voar. Todo sonho pode ser realizado, e para isso, deve-se ter um plano, uma ação, viabilidade, perseverança, se reerguer sempre e continuar a luta”.
Após duas horas de palestra Prates ofereceu uma entrevista ao caderno de Variedades do Popular Catarinense.


Tatiana Stock
Imbituba



TS - De acordo com os dados apresentados em sua palestra, o povo brasileiro peca em vários pontos. Por quê?
P - Falta uma revolução cultural, isto é, que a família acorde para passar valores: consistência existencial,
ensinar decência, respeito, obediência a lei e como eu costumo dizer, em nome do evangelista Marcos capítulo três, versículo 23, que tudo é possível ao que crer. Que todos nós podemos ser felizes e bem mais realizados, mas para isso é preciso que desde cedo, as famílias coloquem isso como uma necessidade de vida. Essa é uma responsabilidade da família e secundariamente da escola. Porque mais tarde, na adolescência, não é mais hora de fazer esse direcionamento gerado por um condicionamento de boa educação.
TS - Você acredita que os meios de comunicação interferem nesse processo?
P - Com certeza, o jornalista de certa forma tem muito cuidado, e vergonha de ser careta. E para isso, ele se alinha ao costume das populações preponderantemente mais ativas do ponto de vista estatístico, então, o que estão fazendo e é moda, “ah é isso aí”, não têm coragem de andar na contramão disso. Aí, nesse momento a imprensa não ajuda. Ela só pode ajudar se repassar bons juízos de valor: responsabilidade, competência e decência; são valores permanentes, de todos nós, sempre.
TS - E não são todos os meios de comunicação que passam isso?
P - Muito raro, geralmente se dá o que o ouvinte, leitor e telespectador quer. Mas o telespectador, leitor
e ouvinte muitas vezes não sabe o que quer, então é necessário oferecer a ele coisa boa, mas não, é oferecido o que é ouvido em pesquisas, “eu quero isso, então eu vou te dar isso”, e não é assim que se educa um filho. Educa-se mostrando o que é mais conveniente para uma criança, e um adulto que não foi educado, não deixa de ser uma criança que não foi educada.
TS - Qual é sua opinião sobre a revolução do diplomade jornalista?
P - O diploma é de 1969. Ele não faz jornalistas, mas é indispensável hoje. Caso contrario, eu vou pregar
que também não haja a necessidade para os advogados, que é um curso teórico, você pode fazer em casa, por correspondência. Por que que o jornalista é dispensado do diploma? Porque os donos das empresas não querem o diploma. Sem o diploma eles podem colocar as filhas deles para apresentar telejornal, fazer reportagem, colocar socialites que não querem salário e podem fazer o que quiser. Isso rebaixa a ambição profissional e salarial do jornalista.
TS - Diga sua opinião sobre o profissional que trabalha por valores a baixo do piso estipulado pelo mercado?
P - Não é um jornalista. Não tem dignidade profissional, não respeita a classe e garantidamente eu te asseguro, ele não tem qualidade profissional. Um cara com qualidade profissional tem consciência do seu valor e ele não se rebaixa a tanto. Uma coisa é você aceitar em uma emergência, por uma necessidade que visa um passo determinado mais adiante. Mas o que acontece é que as pessoas se acomodam e não lutam,
daí o empregador tem toda a razão em não exigir o diploma porque daí ele pode colocar qualquer pipoqueiro
da esquina como um jornalista.
TS - Qual é o segredo para quem quer se tornar um bom jornalista?
P - Ame sua atividade profissional. Não faça jornalismo
porque é bonito, para apresentar o Jornal Nacional. Duas pessoas, no mundo de tantos jornalistas
fazem isso, por isso, tem que gostar do que faz. Querem porque é bonito, mas não querem trabalhar no fim de semana, no feriado, no dia do aniversário do avô. O jornalista é um tipo de policial, que não goza férias e nem folgas, ele sempre está na ativa, e isso, só fazem os apaixonados. Os que fazem por dinheiro, fazem mal feito e por pouco tempo.





Plateia. Palestrante mostrou o diferencial de se ter experiência e vivência de vida




Matéria impressa no jornal Popular Catarinense, na capa do caderno de Variedades, na edição 1059, na sexta-feira, 26 de março de 2010.

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