Panorama. Tops do cartum brasileiro abordam a globalização e revelam a realidade brasileira
Tatiana Stock
Jaraguá do Sul
Estavam presentes na Primeira Mostra de Humor de Jaraguá do Sul na última quarta-feira (28), no museu Emílio da Silva, os cartunistas Gilmar e Custódio. Ambos já receberam o prêmio HQ Mix, o Oscar dos quadrinhos brasileiros, e em entrevista exclusiva contam um pouco sobre o panorama da arte gráfica tupiniquim.
Segundo Gilmar, são poucos os artista gráficos que conseguem sobreviver da arte no país. “Tem que ser polivalente”, revela Gilmar que está no ramo há mais de 20 anos e crê: “o cenário tem aumentado com a internet, mas é fundamental meter a mão na tinta”.
Entre tantos salões de humor que já participou, Gilmar divide o Brasil em dois estilos. “No Sudeste, os salões ocorrem em locais fechados e as pessoas riem por dentro, já no Nordeste, geralmente é o oposto, acontecem em praças e locais públicos, lá o público ri para fora, com gargalhadas”, classifica.
Ele que já ultrapassou décadas ditadas por diferentes conceitos confessa que hoje, mesmo com a globalização ainda existe censura. ‘Se você é empregado, tem que passar por crivo comercial e obedecer o que for determinado, e acaba sofrendo com isso. Por isso os salões, as exposições, mostras, palestras e workshops são tão importantes, pois é a chance do artista se soltar”.
Custódio concorda.
“A globalização tem dois extremos:traz a tecnologia que é mais rápida que os meios tradicionais, mas em contrapartida os jovens leem menos revistas e diminui o espaço no mercado, mas em contrapartida, facilita uma plataforma de comunicação mais direta e favorece novos talentos. Como exemplo temos esse salão, que não seria possível sem a internet”, justifica.
Gilmar finaliza: “eventos como esse geram o contato com outros profissionais além de trazer ao artista um feedback e uma interação maior com o público”.
O paulista Custódio tem família em Santa Catarina e em 50 dias está prestes a lançar uma biografia da história de Anita Garibaldi em cartum. “Desde garoto sempre tive vontade de escrever uma história em quadrinhos. Há três anos e meio decidi que estava na hora de começar. Encontrei em Laguna o acervo de um senhor que passou a vida pesquisando Anita. A partir daí, em outubro de 2008 ganhei o prêmio com o projeto do livro e desde então estou trabalhando exclusivamente em função do livro“, conta.
A personagem já foi homenageada em inúmeros livros, monumentos, teve seu nome em avenidas de diversos países da Europa, recebeu óperas e vários produtos culturais, mas esse será o primeiro livro de história em quadrinhos contando sobre a vida de Anita Garibaldi.
“O quadrinho é mais profundo e exige uma pesquisa maior e tempo”, explica Custódio, contando que existem cenas em barcos e urbanas, passando por todo o movimento Farroupilha. “É um livro histórico, leve e bem humorado e com fundamentação”, justifica.
Saiba mais
O trabalho dos artistas pode ser conferido nos endereços: www.gilmaronline.zip.net / www.custodio.net
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